Quem
Sou Eu?
Depois de uma longa viagem,
Nasrudin deu de cara com uma
turbulenta multidão em uma grande cidade.
Nunca havia visto um lugar tão grande e lhe confundiam a cabeça
todas aquelas pessoas amontoadas pelas ruas.
“Num lugar assim”, refletia Nasrudin consigo mesmo,
“fico imaginando como é que as pessoas fazem
para não se perderem de si mesmas, para saberem quem são.”
Então, pensou:
“Devo recordar-me bem de mim,
caso contrário poderia perder-me de mim mesmo”.
Mais que depressa, procurou uma hospedaria.
Um sujeito brincalhão estava acomodado numa cama
próxima àquela reservada a Nasrudin.
O Mullá pensou em fazer a sesta, mas estava diante de um problema:
como encontrar novamente a si mesmo ao acordar.
Confidenciou
seu problema ao vizinho.
“Muito simples”, disse o tal brincalhão.
“Aqui tem um balão. Basta amarrá-lo na sua perna e ir dormir.
Quando acordar, procure o homem com o balão
e esse homem será você.”
“Excelente idéia”, disse Nasrudin.
Algumas horas depois, o Mullá acordou.
Procurou o balão e o achou amarrado na perna do vizinho brincalhão.
“É, esse aí sou eu”, pensou.
Então, apavorado, começou a sacudir o sujeito:
“Acorda! Algo aconteceu,
do jeito que eu imaginei que aconteceria!
Sua idéia não foi boa!”
O homem acordou e perguntou qual era o problema.
Nasrudin apontou-lhe o balão.
“Pelo balão, posso dizer que você sou eu.
Mas se você sou eu, pelo amor de Deus, quem sou eu?”