Resenha publicada no jornal "O Fluminense" Precisamente em 1940, com o lançamento de A Rua dos Cataventos, Mario Quintana - na contramão dos modernistas de então - publicou seus sonetos. Soneto, geralmente com dois quartetos e dois tercetos, que tem um Petrarca seu mais antigo cultor, mas que, em língua portuguesa, teve Sá de Miranda como seu primeiro autor (no dizer confiável do nosso saudoso Geir Campos, em Pequeno Dicionário de Arte Poética). E, como lembra Raul Giudicelli no Prefácio, vale a advertência de Alceu Amoroso Lima: "As escolas literárias passam; o soneto fica." E
corno fica. Sempre há um soneto que pode se ajustar a um momento
do nosso dia, como bem o sabe Théo Drummond - de quem já
comentamos aqui desde "Caçador de Estrelas" até,
entre outros títulos, o sensível e poético "A
Formiga e Eu" -, aqui revelando sua mestria na bela arte de sonetear.
O livro já começa com "Raiva", sentimento que
infelizmente pode se apossar de qualquer um de nós, principalmente
quando se vai deste mundo o ser amado. O remédio? Ler estes versos
para aplacar o raivar: "(...) Não sei quantas serão
as mal-dormidas / noites que vou passar sem sentir sono, / relembrando
o que foram nossas vidas. // Passo a mão no teu lado de deitar.
/ A sensação que a tenho é de abandono, / raiva
de não ter ido em teu lugar".
Vários comentários sobre o livro: "...Sua
veia poética é densa, profunda e competente. Continue
movimentando-a sempre, como até aqui..." "...
Meu caro poeta, você tem uma linguagem transparente, adequada
a cada soneto, com seu tom amadurecido..." "...Théo
Drummond é um especialista na arte de escrever sonetos e oferece
muito mais do que reflexões autobiográficas..." ",,,Considerado
um especialista na arte de escrever sonetos, seus livros sempre mereceram
as melhores palavras de incentivo e de admiração de acadêmicos
como Josué Montello, Arnaldo Niskier, Murilo Melo Filho, Carlos
Nejar, Ledo Ivo, Antonio Carlos Seechin, A. Venâncio Filho..." "...Você
se exprime, nesta difícil forma poética (cuja estrutura
rígida torna-se suscetível, de algum modo, a limitar a
liberdade criativa do poeta) como se o soneto fosse, afinal, a sua natural
forma de expressão." "...Nos
versos de Théo Drummond, estão presentes, com invejável
familiaridade, a ternura, o desejo, a morte, o medo, o ciúme,
o adeus - enfim, a Vida." "Théo
Drummond aborda os temas eternos da poesia, de maneira direta, bastante
coloquial. Sua fluidez o afasta dos mergulhos profundos e das imagens
literárias, compondo um "confessionário" lírico
e aberto, numa clave que só a maturidade pode proporcionar..." |