Nasci
no Rio de Janeiro, quando ainda era possível passear a noite
pela Avenida Atlântica, em frente ao cinema Rian que já
cedeu espaço a um hotel sem transtornos ou apreensão.
No meu nascimento, a noite era clara e iluminada pela Lua cheia em Escorpião,
fazendo uma oposição ao Sol em Touro, o Nodo Sul posicionado
em Virgem e o Norte em Peixes.
De minha mãe herdei não somente a pele dura e resistente,
a coragem e o instinto guerreiro, como também o misticismo e
a espiritualidade, escondidos nos genes de antepassados indígenas;
de meu pai, as características da tradicional família
mineira que já estavam fadadas a se extinguirem
ali mesmo na minha geração, antes de se transferirem para
as gerações seguintes , como o compromisso talvez
extremado com o correto, o honesto e o íntegro; de minha ascendência
francesa, os traços, a pele clara, o nariz em pé.
Os primeiros trinta e cinco anos de minha vida foram de muita luta entre
o Sol e a Lua e também entre os Nodos lunares. Enquanto a Lua
me aconselhava a me aproximar dos mares profundos de Escorpião
da profundeza de minha alma, do meu poder intuitivo de ver o
futuro, de penetrar na alma dos seres humanos e apostar em tudo que
eu não via e em que não conseguia acreditar meu
Sol em Touro me dizia: Seja prática, existem no mundo coisas
lindas, que só podem ser compradas se você trabalhar e
ganhar muito dinheiro. Era bastante complicado, eu me sentia verdadeiramente
perdida.
Meu passado em minhas vidas anteriores foi de muito trabalho,
dedicação e sacrifício, explicado através
do posicionamento do Nodo Sul em Virgem, portanto super materialista,
cética e com o pé bem cravado no chão, achando
que sabia tudo.
Para compensar uma vida tão lógica, jurei para mim mesma
que meu objetivo em minha próxima vida seria de total entrega
à espiritualidade, que não iria acreditar só naquilo
que podia ser visto, palpado e medido, que ia querer me perder nas águas
da consciência universal, dissolver o meu ego e arrancar todo
o sofrimento dos seres humanos, para então encontrar a iluminação
perfeita que me levaria para bem pertinho de Deus.
E assim vinha essa alma, perambulando pelo mundo afora e pelo Cosmos,
tentando lembrar o que prometera a si própria antes de nascer;
tentando satisfazer seu Sol. Com instintos capitalista e ao mesmo tempo
romântico, enfrentava os impulsos vulcânicos da Lua, querendo
ser mais forte que o Sol. Aproveitava, oportunamente, as noites
enquanto ele dorme para se aprofundar nas leituras esotéricas,
nos livros de autoconhecimento, apesar do medo de não conseguir
vencer essa luta. Tentava conversar com a alma no escuro, escondida
do Sol para não levar uma bronca. Venci todos estes entraves.
E, para provar, escrevi esse livro. Com ele cumpri a promessa que fiz
a minha alma antes de nascer: ajudar a humanidade ou pelo menos àqueles
que tiverem a coragem ou a curiosidade de lê-lo.
Uso minha intuição para ajudar as pessoas a serem mais
felizes, satisfazendo minha Lua em Escorpião. Divido meu tempo
entre o céu e a terra. Quando medito e falo com Deus, desligo-me
do mundo físico, abraço os anjos, rezo e peço ao
Criador para retirar o sofrimento das criancinhas, dos idosos e todos
os desamparados que não têm amor e nem comida. Quando estou
na terra, sou astróloga, interpreto os planetas, que não
vejo e nem precisaria ver, porque já aprendi a acreditar naquilo
que não vejo e não toco. Faço uso constante de
um pensamento de Santo Agostinho, filósofo romano, que diz: Ter
fé é acreditar naquilo que não se vê e a
recompensa desta fé é ver aquilo que acreditamos.
Dedico apenas quatro horas da minha semana ajudando aos doentes, com
uma palavra de amor e esperança. Acho que devia dedicar mais
tempo tentando tirar o sofrimento das pessoas, mas fico com medo de
contrariar o meu Sul, que ainda insiste em me mostrar as coisas bonitas
que existem no planeta, mas que só podem me pertencer se trabalhar
muito para comprá-las. Sofri tanto com minha luta interna que
acabei desistindo de lutar. Não sou heroína, nem vítima.
Nem boa, nem ruim. Nem vencedora, nem perdedora.
Cuido da minha alma todos os dias. Lavo minha energia e abro meus chakras,
mas também faço uma visitinha às lojas do SoHo,
para ver a moda e comprar umas roupinhas. Assim, vou me cuidando por
dentro e por fora.
Agora sou feliz porque consegui lembrar o porquê de
estar aqui e o que vim fazer, como também lembrar
às pessoas o porquê de estarem aqui e agora e o que vieram
fazer neste nosso lindo planeta azul.
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