Ao
começar a leitura de A Formiga e Eu, conhecendo as
múltiplas facetas de Théo Drummond, sabia que talvez me
aguardasse uma surpresa. As primeiras páginas, no entanto, levaram-me
a pensar em mais um desses livros para crianças, onde, sob o
disfarce da fábula, acumulam-se ensinamentos sobre a vida animal,
ecologia ou qualquer outra ciência. Mas essa impressão
foi brevíssima. Em rápida transição, o menino
de 7 anos, atento observador da vida nos formigueiros da fazenda de
seu avô, conhecendo agora, homem experiente, uma sociedade mais
complexa do que a das formigas, é para ela que volta o seu olhar
de quem sabe ver além das aparências. Vivendo em bela casa,
cercada de jardins, o menino de outrora não tarda em reencontrar
suas velhas amigas. E é desse reencontro que nos fala Théo
Drummond. A história da amizade entre um homem e uma formiguinha tem um gosto bom de infância. Mas, ao fim da leitura o que persiste, o que fica gravado na memória, é algo menos doce, muito mais intenso. A leitura sem compromisso que o título sugere se revela, de repente, rico manancial de lúcidas verdades sobre o homem moderno e, em especial, sobre o homem frágil, vulnerável diante das perdas que continuamos a sofrer, apesar de tantos séculos de civilização. Simples e belo, este pequeno livro agradará, sem dúvida, aos leitores de todas as idades. Viginia
Vendramini |