A Formiga e Eu

Resenha:

Uma grande lição de beleza e sabedoria

"A Formiga e Eu" é uma fábula que pode ser lida tanto por crianças quanto por adultos

Resenha publicada em dezembro de 2004 no jornal "O Fluminense"

"Nunca se esqueça, meu amor, que o importante não é a duração de uma vida mas o que se fez dela". (pag.56).

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo / Perdeste o senso" - afirmou Olavo Bilac, no seu conhecido poema Via Láctea. Ora (direis) ouvir formigas! Certo ganhaste sabedoria - eis o que se pode atribuir ao narrador do livro A Formiga e Eu, do escritor e poeta Théo Drummond, autor de livros inesquecíveis como Caçador de Estrelas, Palavras de Observante e outros.

Aqui, Théo nos apresenta um menino que na fazendinha do seu avô, aprendeu a observar as formigas. Logo aprendeu com seu professor de Geografia que existiam 18 mil espécies de formigas e que, no Brasil, eram mais de 2000, com importante detalhe: só vinte espécies eram predadoras (como a saúva, por exemplo) e por isso deviam ser combatidas.

O tempo passou, o menino converteu-se num adulto bem-sucedido que mandou construir uma casa num grande terreno. Nessa casa, naturalmente, surgiram formigas, e logo D. Carmen, velha cozinheira, quis matá-las com água fervente. O narrador - que é o alter ego do Théo - opôs-se a isso, colocando até uma colher de requeijão no pires, bem no meio de um prato com água. Em breve, as formigas começaram a consumir esse requeijão.

E tudo vai parecendo apenas mais uma história infantil até que, um dia, perto de uma churrasqueira, no jardim, nosso narrador começou a ouvir uma voz fininha - "como uma nota alta de violino" - a lhe dar "bom-dia". Desde então ele e a formiguinha começaram a conversar. Ele, aprendendo sobre a vida no formigueiro e sabendo que a formiga operária, como sua interlocutora, dura apenas três meses. Ela, por seu turno, após autorização da rainha do formigueiro, começou a ganhar, além do requeijão, fatias de salmão e outras guloseimas.

Dos papos entre narrador e formiguinha, Théo construiu uma fábula belissima, para ser lida por crianças e adultos, com algumas aprendizagens insólitas, todas em torno de valores morais e/ou existenciais.