Gotas da Vida

Credo, cruz! Murmurou, benzeu-se e continuou a pensar. Aquilo mais parecia castigo de Deus. Também, pela sem-vergonhice que se via, as moças com os peitos de fora e pedaço de pano entre as pernas, provocando os homens que só faltavam mostrar as vergonhas, tão pequeninas era as sungas que usavam! Até senhoras casadas, com anos nas costas, filhas e netas, em vez de dar exemplo, ficavam queimando suas pelancas ao sol, bebendo pinga com limão, esvaziando um copo, pedindo outro! Ele é que se sentia acanhado quando chegava da pescaria e aquelas senhoras debruçavam seus peitos moles dentro da canoa, enquanto pegavam um peixe ainda meio vivo e pechinchavam no preço, que era menos do que custava o copo de bebida que tinham nas mãos. Agora, taí! Depois de o mar serenar, ainda tinha que esperar mais de três dias para voltar ao pesqueiro. Esperar que assentasse o lodo remexido pelo mar ressacoso, que fazia o peixe fugir.

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