Manezinho
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Ramon Gonsalves Neto é o seu nome.

Manezinho é como são carinhosamente chamados os meninos nascidos na Ilha de Santa Catarina, Florianópolis. Seu pai, Dr. Ramon Gonsalves Filho, é um advogado famoso e respeitado. Sua mãe é uma conceituada médica cardiologista e Dra. Mafalda é o seu nome. Dr. Ramon Filho e Dra. Mafalda são um casal moderno, típico do século XXI, ocupadíssimos, não têm tempo nem para eles mesmos, voltados para as suas carreiras, seus “status”, preocupados com seus compromissos profissionais e sociais. Mas, apesar de tudo, eles são felizes, pois para eles, todas essas coisas são muito importantes.
Manezinho é um menino inteligente, alegre, mas cheio de tarefas. Além do colégio, estuda inglês, francês e espanhol, pratica judô e natação. Nos finais de semana – que alívio! – encontra-se com os amigos na praia onde, além de colocar o papo em dia, passam horas surfando. Manezinho é muito bom nesse esporte.

De vez em quando queixa-se aos pais. São muitas coisas para estudar ao mesmo tempo, e é cansativo. O pai responde que ele precisa se preparar para o futuro e que deve parar de reclamar. A mãe acrescenta que ele “tem que ser o melhor em tudo e que isso é o mínimo, pois não lhe falta nada”. Manezinho prefere não continuar a conversa. Para ele, falar e argumentar não adiantam nada. Seus pais são assim mesmo.

Por vezes, Manezinho fica triste e acaba por se perguntar se eles sonham que o seu futuro é ser advogado como o pai, ou médico como a mãe... “De jeito nenhum, não quero essa vida para mim, eles não têm tempo para nada, nem para eles, nem para mim que sou seu filho... quem decide sobre a minha vida sou eu!”

Em seus pensamentos Manezinho sente falta de conversar com seu avô paterno. Sabe que ele é seu amigo e que tem tempo para uma boa conversa, tem conselhos e sabe escutar e ponderar. Seu avô, Sr. Ramon, é médico veterinário aposentado, mora em uma pequena fazenda na cidade de Rio do Sul, a fazenda Santa Fé, que fica a cerca de 200 km de Florianópolis, e, ainda nos dias de hoje, presta serviços para alguns fazendeiros da região, atuando, principalmente, na suinocultura. “Preciso conversar com meu avô. É meu amigo e vai me escutar, vou ligar hoje para ele.”

— Alô, vô? Vô, eu estou quase chegando aí! Vou entrar de férias e vou aí. Você tá bem, vô?

— Estou bem sim, meu neto, e com saudades, quando você chega?

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