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Roberto Santos Drummond, um grande contador de histórias Quarto livro do autor, "A Paulista que Bin Laden Matou" ratifica seu talento em contos
Livro a livro, este é o quarto de prosa, Théo Drummond vai se mostrando um grande contador de histórias. A começar pelo conto que dá título ao volume, com cenas que fluem em torno de um bar - do tipo pé-sujo - que serve torresminhos e moelas, mas com a presença ímpar de uma gordinha paulista, a vociferar que a vida noturna de Sampa deixa a do Rio no chinelo. Logo adiante, o seu insólito e trágico encontro com Bin Laden - o real, ou algo parecido? Ao todo, dez contos que lembram - e como! - narrativas de antigos contadores de causos, pois, embora grafados, dão ao leitor um sabor de oralidade, com as palavras assumindo a condição de agradável melopéia. Como se lê, por exemplo, neste excerto de "Uma história maluca": "Denise, a colega também advogada e especializada em Vara de Família, depois de tantos anos, já não despertava nele o mesmo tesão. Mas Roberto não podia deixar de reconhecer que ela continuava uma graça, boa de cama, além de ser um papo divertido e nunca exigir nada em troca." E nessa mesma "maluquice" textual, Roberto, adiante, é acusado por um guarda sobre uma grana afanada. Théo
Drummond contista cumpre, à risca, aquela observação
de Nicolau Sevcenko em O enigma pós-moderno: "A sensibilidade
para a expressão inevitável do acaso, do contraditório,
do aleatório. O espaço para o humor, o prazer, a contemplação,
sem outra finalidade senão a satisfação que o homem
neles experimenta". E é precisamente o que o leitor experimenta
ao ler, logo no primeiro conto, as agruras de Dora, uma mulher sem sorte,
casada com o velho Armando e que, num certo dia, teve o apartamento
invadido por um cara que fugia de outro, marido de sua secretária. /\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/ Por Mario Russo / Jornal do Commercio Em
10 histórias, Théo mostra uma técnica apurada que
prende o leitor pela engenhosidade das tramas e pela facilidade inata
em construir intrínsecas personalidades. |