Piadas Grávidas

Humor politicamente correto

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Não pensem encontrar aqui alguma espécie de apologia ou uma coletânea de textos breves estruturados para receber em lacunas aparentemente casuais expressões esdrúxulas, para não dizer constrangedoras. Como "desfavorecido verticalmente", para designar indivíduos que não cresceram o suficiente para atingir a altura mínima da média da população mundial, portadores de uma anomalia biológica chamada nanismo ou, finalmente, desculpem os mais sensíveis, anões.
A praga da linguagem politicamente correta, originada nos EUA nos anos 80 e transformada em cartilha pelo governo brasileiro em 2004, só se manifestará neste livro ocasionalmente, e sempre de forma irônica.

O que chamamos de politicamente correto no subtítulo vai numa direção mais ampla e diz respeito predominantemente ao que é mesmo político, ou seja, ao que trata de relações de poder. Os poderes constituídos, o conceito de autoridade, as instituições, as convenções, são o nosso alvo preferencial. Todos os textos são satíricos e essencialmente a favor da moralidade pública. Da privada, pouco falaremos, a não ser quando o conteúdo eventualmente escatológico assim o exigir. Não se equivoquem quando o desfecho de uma piada parecer uma defesa cínica de comportamentos antiéticos. O propósito é apenas negar pelo exagero grotesco.

O livro toma como base o chamado anedotário popular, aquela coleção inumerável de histórias curtas humorísticas anônimas, que são uma tradição mundial e não param de se renovar, nas rodinhas de café no escritório, nas festinhas, no chope de fim de tarde, e hoje presença diária na troca de correspondência eletrônica. É oferecida para cada uma dessas piadas uma versão alternativa, que adicionará à piada original algum conteúdo político ou de crítica de costumes.
Sempre que as modificações no texto da versão alternativa eram pequenas, suprimimos o que nos pareceu supérfluo na versão original, criando elipses. Procuramos narrar cada piada, tanto numa versão quanto noutra, com a reverência devida aos textos clássicos. Evitamos o diálogo aberto com o leitor e a linguagem informal. A intenção é acentuar - pelo contraste - a carga humorística das piadas duplas.