Quando estive preso e foste me visitar?

Resenha:

Este livro tem como objetivo mostrar aos queridos leitores a importância e a necessidade da Assistência
Espírita aos Presidiários. Um trabalho que visa tão somente reeducar o apenado para sua reintegração junto à sociedade.

Com minha experiência vivida nesses 35 anos de trabalho nessas unidades prisionais, constatei inúmeras falhas e carências existentes no sistema.

As condições dos presos são desumanas. Isso sem falar das carceragens nas delegacias policiais, onde muitas vezes num espaço para 12 pessoas, por exemplo, existem 50 ou mais homens recolhidos em celas coletivas. Todos vivendo inteiramente em absoluta promiscuidade, sendo as necessidades fisiológicas feitas num buraco, ali mesmo, naquele diminuto espaço.

À noite, nem todos podem dormir, têm que fazer rodízio, o espaço não permite que todos se deitem ao mesmo tempo. Vivem amontoados como se fossem mercadorias num depósito.

0 preso, por si só, admite o crime praticado, apresenta-se a júri, é julgado e recebe o veredicto. É condenado e recolhido. Mas seus direitos são burlados, direitos esses que lhe são assegurados pela Constituição Federal.

O caro leitor poderá supor que estamos defendendo o marginal, que estamos a favor do bandido, do criminoso. Não estamos, não! Ele, o preso, tem que pagar mesmo pelo crime praticado. O nosso propósito é ajudá-lo, para que ele possa voltar à sociedade, para que retome o convívio dos seus familiares, para que se torne um homem de bem. Se ele não tiver essa oportunidade assistencial espírita, como poderá se redimir?

E é aí que constatamos a ausência dos Centros Espíritas, que na sua maioria desconhecem essa nobre tarefa. Pouquíssimos são os voluntários das casas espíritas que se propõem realizar esse trabalho. Muitos têm receio; não têm coragem de adentrar uma unidade prisional. Esquecendo-se de que o trabalho é com Jesus e para Jesus.

Temos que nos espelhar nos mártires do Cristianismo, que enfrentavam as fogueiras e as feras famintas no circo romano.

Nos cinco Seminários Estaduais de Assistência Espírita ao Preso já realizados no Rio de Janeiro, com uma frequência até certo ponto razoável, poucos foram aqueles que se apresentaram como voluntários para o trabalho de apoio aos encarcerados.Como podemos ver, o problema não consiste somente na sistemática, no tratamento que o apenado recebe do poder público, mas também do segmento religioso, principalmente dos Espíritas, que decididamente têm que deixar de lado o receio, o temor, o egoísmo, a vaidade e o preconceito e engajar-se nesse trabalho de amor.

Wilson Longobucco