Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse
As trapalhadas de cinco amigos

Início:

Carlos entra em um antigo mas luxuoso edifício .situado na Rua Paissandu, no Flamengo, bairro da .Zona Sul do Rio de Janeiro. Aciona a campainha do apartamento no terceiro andar e dona Marli, sua tia, abre a porta.

— Entre, Carlos. Como tem passado?

— Bem, e a senhora?

— Graças a Deus, bem. Eu estou com saúde. Não tenho de que reclamar. Sente na poltrona.

Carlos poucas vezes visita dona Marli. É dia 20 de janeiro de 1979, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade.

— Posso usar um cinzeiro?— pergunta Carlos, tirando um cigarro do maço.

— Pode. Mas você está fumando demais. É por isto que você está cada vez mais magro. Pare com isso. O seu tio morreu com 95 anos e nunca fumou. Você tem apenas 39 anos e tem aspecto de doente.

— Tia, eu pretendo parar de fumar — diz Carlos.

— Você diz isso há uns dez anos.

— A senhora tem razão. Eu não me sinto bem. Ando tossindo muito e pouco como.

Eram duas horas da tarde quando Carlos entrou no apartamento de dona Marli e quatro horas quando se despediu dela, após um breve lanche. Ao sair do prédio, caminha a pé até a Praia de Botafogo. Entra em um pequeno bar e pede uma cerveja. Fuma uns quatro cigarros e pede a conta. A pé, outra vez, caminha pela Praia de Botafogo e entra na Rua Voluntários da Pátria. Vira na Rua Capitão Salomão e entra no restaurante Aurora. Escolhe uma mesa e procura descansar da caminhada, mas logo o garçom se aproxima e pergunta se ele deseja alguma coisa. E Carlos pede um chope.

São sete horas da noite quando duas belas moças sentam-se próximas à mesa de Carlos. E ele não tira o olhar delas. Não por interesse, mas por admiração. E de repente, alguém ocupando uma mesa ao lado da mesa de Carlos diz, com um leve sotaque estrangeiro:

— Elas são lindas, não?

Carlos se vira para o lado de onde vem a voz e vê um senhor com aspecto britânico fumando cachimbo.

— O senhor tem razão, elas são lindas.

— É verdade.

O senhor é inglês?

...