Nunca Abra Mão dos Seus Sonhos

Resenhas:

Por Bernardo Jablonski
Doutor em Psicologia e
Professor da PUC-Rio e da UERJ,
Escritor e Roteirista da TV Globo

Sonhos são coisas sérias, principalmente quando estamos acordados. O primeiro grande mérito do livro de Eliana Leal é nos fazer despertar, não de um sonho, mas de um pesadelo diurno, oriundo do fato de sufocarmos ao longo da vida tudo aquilo que nos poderia trazer genuíno prazer.

E não se fala aqui de exuberâncias exóticas, passeios impossíveis ou mudanças inverossímeis. Mas sim de conseguir romper, através de um auxílio inesperado, as correntes que nos prendem ao dia-a-dia; as pesadas correntes, cujos elos são compostos pela rotina, pelo medo, pela inércia, pela preguiça e pela preocupação equivocada de que se expusermos nossos sentimentos diante dos outros, seremos ridículos -quando o oposto, e apenas o oposto, é que é o verdadeiro.

E o segundo mérito é fazê-lo através de uma escrita simples, agradável, bem humorada, às vezes terna, às vezes incisiva, sem forçar a mão e sem nos impingir receitas de bolo ou manuais rígidos de comportamento.

Digno de menção, igualmente, o tom detetivesco, que nos agarra desde a primeira página e nos serve de guia zeloso e atento na busca da identidade do misterioso personagem NINGUÉM IMPORTANTE - o verdadeiro símbolo/guia para o nosso re-despertar.

Sim, porque ainda há tempo para qualquer um de nós quebrar esta corrente que nos impede de alçar vôo em direção a lugares mais amenos e plenos de emoção. E é só isto que este livro procura nos mostrar...

Eliana Leal conseguiu o milagre de escrever um excepcional livro de auto-ajuda, sem ser um livro de auto-ajuda. Uma coisa de sonho, mesmo.


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Por Léa Cristina
Jornalista
(Resenha publicada no caderno Prosa e Verso do jornal O Globo)

Autora estreante mistura bem regras sufis
com informática e trama policial

Os adeptos da auto-ajuda vão gostar. Quem prefere o suspense, idem. "Nunca abra mão dos seus sonhos", livro de estréia de Eliana Leal, chega às livrarias com chances de agradar a pelo menos esses dois tipos de platéia. Traz uma série de ensinamentos da Tradição Sufi (escola de desenvolvimento humano originária do Oriente Médio),
mas tem como fio condutor uma trama policial que faz com que o leitor queira chegar logo ao fim da história.

O romance se passa numa grande empresa de marketing e de qualidade total, cujo sistema de informática é invadido por um hacker."Nunca abra mão dos seus sonhos" é a mensagem que um belo dia aparece na tela dos computadores da firma. Assinada por quem? Alguém que se intitula apenas Ninguém Importante. O hacker não quer roubar informações nem fazer sabotagem industrial. Sua intenção é levar os funcionários a se perguntarem se eles estão vivendo bem, se estão conectados com suas reais aspirações existenciais ou se, como acontece com a maioria das pessoas, passam a vida sufocando o que realmente acham importante. Ele quer que os funcionários busquem uma vida melhor.

Não é à toa que o hacker escolhe como campo de ação a Marketing, Reengenharia e Qualidade Total (Marq). Mas o intruso não é um pregador, nem quer impingir receitas de vida a ninguém. Descobrir o que o levou a invadir a rede da empresa, obviamente, também faz parte do suspense. São bem definidos os traços dos personagens bonzinhos e do único grande vilão da trama: um chefe de divisão que enlouquece todo o departamento de informática da Marq para impedir que as mensagens continuem a entrar na rede da empresa. Tudo se resolve favoravelmente porque um dos diretores da Marq, que um dia abriu mão de seus sonhos, agora está disposto a fazer qualquer coisa para recuperar o tempo perdido.

Dos ensinamentos da Tradição Sufi, que visam à harmonia interior, Eliana escolheu algumas regras para expor em seu livro, como a consciência da respiração, observar os passos e viajar na terra natal. Junto, são contadas historinhas sufis: - Há escritores que recontam as histórias sufis. Preferi reproduzi-las por achar mais correto - diz a autora, que trabalhou em informática durante 20 anos e há 15 anos é integrante da Tradição Sufi.