Depois da Tempestade


Resenha:

Depois da tempestade é um romance de vidas. Conta uma história de gente, apresentando, numa fascinante trama e saborosa narrativa, apenas e simplesmente vidas humanas, na sua pequenez cósmica, fragilidade psicológica e tibieza espiritual. Expõe as rotinas e sagas de pessoas como nós, pequenos animais, espíritos imperfeitos, corpos mortais e diversos, mentes conflituosas, belos seres, afetuosos, arrogantes, erráticos. Retoma a linha dos romances que falam de nós mesmos, do que somos, de como somos. Das nossas virtudes e pecados corriqueiros.

O cenário principal da história é uma praia num dos mais belos sítios da Terra: a Baía de Paraty. As cidades do Rio de Janeiro e Londres são os sets secundários. Uma história de aventura, que, além de exibir amor, medo, sexo, coragem, destila valores perenes e degradados como a solidariedade, a amizade, a generosidade. Como uma garrafa com uma mensagem de socorro de supostos náufragos, trazida pelo mar até Praia do Marisco, poderia transformar, profunda e simultaneamente, as vidas de três jovens ricos - um rapaz e duas moças cariocas - e de uma família de pequenos pescadores? Este é o mote do romance. O narrador é sábio, um fértil contador de histórias, competente naquilo que quer contar, sempre com muito gosto e arte. Este livro é uma obra não apenas para ser lida. Trata-se de um texto cinematográfico, visual. Raros são os escritores com essa capacidade de dizer e transcender: o leitor vê a história e, mais que numa tela de televisão ou de cinema, está no meio dela, sentindo e vivendo as ações e sensações, no tempo e no clima, cercado de todas as formas, cores, tons, sons e sabores.

Depois da tempestade e os outros romances de José Carlos Oliveira Freire são, também, obras fabulares. Fábulas realistas, sem fantasias ou versões mitológicas, é verdade, mas onde a "moral da história" é sempre o Bem, o Belo e o Justo, sob a égide da Paz e do Amor. São histórias que vemos e sentimos. Mensagens de vida, seminais, necessárias, que emocionam. Histórias para serem vistas, refletidas e amadas.

Marcelo Câmara