Apresentação
Tomei
conhecimento deste livro no ano de 2001, em um congresso de que participei
em Toronto, Canadá, quando conheci pessoalmente o seu autor,
de quem adquiri este e outros dois também de sua autoria, aqui
citados.
Escolhi este para ler primeiro e, após lê-lo e traduzi-lo,
pela relevância que ele representa no tocante à polêmica
temática de que trata: Trotskismo ou Leninismo?,
como o chamou seu autor, preferi renomeá-lo de Trotskismo
x Leninismo.
O livro é composto de sete partes (abrangendo os temas das duas
teorias da revolução socialista a troskista e a
leninista , o socialismo em um só país, os julgamentos
de Moscou, as linhas da Revolução Chinesa, a Guerra Civil
Espanhola, a coletivização e a luta de classes na ditadura
do proletariado), além de três apêndices (sobre o
testamento de Lênin, a relação entre Trotsky e a
imprensa imperialista e o assassinato de Trotsky) e vasta lista bibliográfica.
Desde sua dedicação inicial a V. I. Lênin, em página
de rosto, o autor afirma sua posição favorável
a este, na contenda entre os autores das duas correntes de pensamento
supostamente circunscritas ao âmbito do comunismo, do socialismo,
ou do marxismo, para usarmos m termo referido a correntes do pensamento
mais usualmente tidas como filosófico-científicas.
Entre outras, sua relevância maior, ao meu juízo, se assenta
em três pilares, a saber:
Primeiramente, representa uma ampla abordagem sobre teorias de posicionamentos
políticos distintos e, no caso, contendoras, ao tempo em que
referidas a pelo menos três processos históricos globais:
as três revoluções russas de 1905 e 1917 (fevereiro
e outubro), a Guerra Civil Espanhola e a Revolução Chinesa.
Em segundo lugar, resgata a experiência de ao menos duas grandes
vertentes da teoria revolucionária socialista em combate, nos
planos teórico e prático, representadas pelo que hoje
é conhecido como trotskismo e leninismo,
além de passar, em níveis de abordagens diferenciados,
por outras possíveis correntes dos ismos a que o
marxismo em geral já deu ensejo, entre as quais bukharinismo,
stalinismo e maoísmo.
Finalmente, na contenda entre as duas teorias, o autor tem a virtude
de não assumir uma postura neutra ou indiferente, não
só ao postular uma distinção teórica e política
entre o trotskismo e o leninismo, como ao defender a tendência
leninista como a teoria correta, quando confrontada com o trotskismo,
no plano da comparação entre as duas perspectivas, enquanto
teorias no mínimo preten-samente revolucionárias interpretativas
e transformadoras da realidade da transição entre o capitalismo
e o socialismo, a teoria da revolução socialista de Lênin
e a teoria socialista da revolução permanente
de Trotsky.
Com base em vastíssima documentação (relatórios,
cartas, panfletos, resoluções de congressos e outras reuniões,
jornais, revistas e livros), referida a períodos que vão
de 1904 a 1993, além de breves citações que remontam
a autores inclusive do século XIX, o livro oferece um recorte
de significativos enfoques teóricos contundentes e às
vezes opostos, bem como indiscutível lição histórica
de processos concretos da luta revolucionária tendo como objetivo
o socialismo, e ainda do que se poderia chamar de luta teórica
e/ou ideológica, ou do campo das idéias,
inclusive, recentemente, no âmbito da Inglaterra.
Ao traduzi-lo e publicá-lo, minha pressuposição
é de que se trata de obra indubitavelmente da máxima importância
informativa, mesmo para leitores leigos em relação às
contendas teóricas e ideológicas dos processos políticos
globais já vividos pela humanidade, no caso ilustradas pelos
exemplos específicos já aludidos. Mas, fundamentalmente,
trata-se de matéria necessária e valiosa ao conhecimento
por parte de leitores mais ou menos já iniciados ou detentores
de conhecimento acumulado sobre tais questões, inclusive por
novas divergências que tenda a germinar.
Para situar-me, ainda que inclinado a sugestivas digressões a
partir das informações e reflexões de Harpal Brar,
neste seu livro, concordo com ele, tanto em relação à
indispensável distinção que faz entre trotskysmo
e leninismo, quanto à defesa que assume do leninismo,
no embate entre as duas tendências, como a teoria mais de acordo,
nas respectivas épocas e lugares, com a história dos povos
a que dizem respeito e são alvo de referências do autor.
Se a realidade de nossos dias e de diferentes contextos exige, para
sua compreensão e orientações de sentido, a fertilização
de teorias já elaboradas, como as aqui abordadas, presumo igualmente
que a possibilidade de sua mais rigorosa produção está
também na razão direta do acúmulo de conhecimento
e de sua aplicação prática em realidades anteriores,
na luta concreta e teórica, com a perspectiva do socialismo ou,
mais apropriadamente, do comunismo autêntico.
O livro de Harpal Brar reforçou o meu convencimento da necessidade
de entendermos o mais seguramente possível, no plano da luta
de classes e das contradições entre os amigos e inimigos
do socialismo e do comunismo, o significado do combate de ontem, de
hoje e do porvir, entre as correntes escancaradamente inimigas e as
mascaradamente amigas e seus entrelaçamentos.
O
tradutor
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