OS SILÊNCIOS DE THÉO DRUMMOND
As
modas literárias costumam entrar em cena com estrépito
e rufar de tambores, dando a impressão de que substituíram
tudo que veio antes e ficarão conosco definitivamente. Mas sempre
acabam passando. E junto com elas se vai a reputação de
muitos escritores, tão atentos às novidades da semana
que na semana seguinte se tornam ilegíveis.
Enquanto isso, os textos de Théo Drummond, sejam poesia ou prosa,
ignorando ondas, bossas e modismos, desprezando a sofisticação
vazia, silenciam sobre tudo que não diga respeito ao coração.
E por isso permanecem.
Eis aqui um autor que não quer convencer o leitor de ideologia,
credo filosófico ou fé religiosa, nem causar-lhe admiração
com jogos de palavras espirituosos ou espanto com opiniões extravagantes:
quer, sim, falar-lhe da vida e da sua finitude, do sentimento de solidão
e da alegria do encontro, do amor e do humor, do simples afeto por um
cão e da dor sentida antes da hora pela morte prevista do animal.
É um diálogo direto, quase confessional, entre autor e
leitor. Pois quem não sentiu tudo isso?
Théo é um raro escritor que não tem medo da emoção.
Ao contrário, é disso que ele fala o tempo todo, às
vezes risonho, às vezes lírico e às vezes até
amargo. Mas nunca escreve com o sarcasmo que alguns usam para se sentirem
inteligentes ou com o cinismo que passa por erudição.
Quando não há lugar para o sentimento, ele se cala.
Esta
é uma literatura feita menos de palavras do que dos silêncios
entre elas.
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