Voe Feliz!


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Vamos Voar? Então...

Você entra num avião e o que acontece? Dá medo. Tudo fechado, cerimonioso... Penso no pânico do meu cachorro da primeira vez que ele entrou num automóvel e imagino que estou agora na mesma situação. Cachorro não sabe o que é nem para que serve um carro, o que é aceleração, motor, barulho do trânsito, buzina etc. Então penso: avião tem motor (baita motor!), asa, aceleração, radar, comandos em terra, GPS, sei lá o que mais... e continuo com medo. Por que será?

Penso mais e finalmente... lembrei! Estou com medo porque da última vez que viajei de avião, anos atrás, passamos por uma forte turbulência! A máquina jogava, sacudia e pulava, parece que ia se desmanchar. Quando aterrissamos, jurei que não voaria mais (embora soubesse estar mentindo). Então é isso. Estou com medo da tal da turbulência, que nem sei direito o que é, dos roncos, das acelerações e desacelerações das turbinas, estou com medo até dos pilotos, do peso da aeronave e do passageiro ao meu lado, que quase vomitou em cima de mim.

Medo sobretudo da imperícia, qualquer que seja: da manutenção, do controle do avião, dos controladores na torre... para não falar do medo de terroristas, de mim mesmo, dos radares e de tudo o mais.

O bicho começa a andar para trás e a coisa piora quando se ouve o comissário:
“No caso de despressurização, máscaras cairão automaticamente do painel superior. Puxe a que estiver mais próxima, ajuste o elástico e respire normalmente. Auxilie, em seguida, a criança que estiver mais próxima. As saídas de emergência são seis – duas dianteiras, duas sobre as asas e duas na parte traseira. Em caso de pouso na água remova seu banco, que é flutuante, e saia da aeronave; a seguir, leia as instruções de segurança no bolsão à sua frente.”

É ou não é apavorante? Tenho ou não razão de estar morrendo de medo?

“Preparar para a partida”, diz o piloto ao micro-fone, e então vem o aviso: “À noite reduziremos as luzes da cabine.”

Que lugar sinistro!

O avião começa a taxiar, rumo à pista, e você só começa a relaxar quando o piloto fala algo assim:
“É com imensa alegria e satisfação que mais uma vez sairemos da terceira metrópole do planeta, realmente um celeiro cultural, 24 horas no ar, e iremos para a cidade maravilhosa, a cidade onde o mar namora a montanha. As condições de vôo estão perfeitas, com o céu azul cintilante e a atmosfera calma, enfim, o ‘céu de briga-deiro’, portanto todos podem ficar bem à vontade.”

Respiro fundo, vejo a reação dos meus colegas de assento e noto que todos têm um semblante de sorriso, alguns batendo papo – enfim, acho que todos de repente ficaram felizes e o astral do avião agora está totalmente lá em cima.

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