Dizem
que prefácio é um negócio que se escreve depois,
o editor coloca antes e que ninguém lê, nem antes nem depois.
Estava tentando usar esse argumento poderoso para evitar escrever algumas
inutilidades aqui neste espaço, mas o editor bateu pé:
Você não vai ganhar dinheiro às nossas custas
só porque se diz o organizador desse troço! Todo livro
tem prefácio, animal! Mexa-se, paquiderme!
Assim, com este precioso estímulo que me faltava, dediquei-me
com afinco a me livrar desta pentelhação. Se você
for ao dicionário (algo que eu duvido muito) você vai ver
lá: prefácio: texto ou advertência, ordinariamente
breve, que antecede uma obra escrita, e que serve para apresentá-la
ao leitor. [Sinônimos: prefação, preâmbulo,
prólogo, proêmio, prolusão, prelúdio, preliminar,
introdução, anteâmbulo, antelóquio, exórdio.
Antôn.: posfácio.] 2.Lit. Parte da missa católica
que precede imediatamente o cânon. Bem, esqueçam
o item 2, certo? Mas no item 1 gostei muito de exórdio,
que me pareceu um bom nome prum cachorro pequinês...
Mas, enfim, pode ser que você nunca tenha ouvido falar de Z.É.
Zenas Emprovisadas. Só que neste caso, as chances de você
comprar este livro são mínimas, né? Mas vamos supor
que você tenha acabado de chegar de Alfa de Centauro ou de Bangu
II. Então... Z.É. Zenas Emprovisadas é teatro de
improvisação, inspirado num programa de televisão
norte-americano, que utiliza a linguagem do humor, com um elenco fixo
de atores Fernando Caruso, Gregório Duvivier, Marcelo
Adnet e Rafael Queiroga e dois convidados (ator e diretor) que
mudam a cada apresentação. E cada espetáculo abre
com um esquete de humor (o único ensaiado). Ainda segundo o site
deles, dabliudablidabliual-gumacoisa, esse tal esquete inicial teria
três serventias básicas: aquecer a platéia para
a comédia; garantir que pelo menos alguma coisa dentro do espetáculo
funcione direitinho, sem sobressaltos e com resultados calculados; e
apresentar o ator convidado da semana em papel de destaque. Pois são
esses esquetes que você vai ler agora (ou daqui a pouco, ou amanhã
ou nunca, problema seu!).
Saíram todos da cabeça amalucada do Fernando Caruso. Exceção
a O Papa e o Aborto (de Gregório Duvivier) e Música
em Palavras, de G. Sauma, além de mais alguns outros, mas
estou com preguiça de pesquisar.
Segundo outros dados que chupei do site deles, o espetáculo já
foi visto por mais de 100 mil espectadores. Ou seja, se 20% vierem a
comprar este livro, estou feito na vida, e nunca mais terei de escrever
prefácios!
Mas agora me ocorre que talvez você seja um tio desavisado ou
uma avó indulgente que esteja folheando este livro numa livraria
(bem, onde mais poderia ser?) à cata de um presente baratinho
de Natal ou aniversário para um sobrinho meio lesado ou um netinho
que você mal vê, seja por causa de uma catarata galopante
ou por causa dos filhos ingratos que nunca dão as caras, e está
em dúvida se leva ou não esta droga pra casa.
Talvez você queira mais informações antes de se
decidir, certo? Então lá vai: desde que surgiu, em agosto
de 2003, Z.É. vem lotando todos os lugares por onde passa. De
um público inicial de 370 pagantes em seis sessões no
pequeno Café Cultural de Botafogo (50 lugares), chegou à
marca de mais de 100.000 espectadores (sim, já falei isso antes,
mas como são números muito impressionantes, achei que
valeria a pena repetir) até sua 18a temporada, a quarta apresentada
no Vivo Rio (2.200 lugares), e que começou em outubro de 2010.
Nesses anos todos passou pelos seguintes teatros cariocas: Café
Cultural, Jockey, Planetário, Teatro dos Quatro, João
Caetano e Vivo Rio. E já ganhou o prêmio Shell de teatro
em 2005, na categoria especial, dá para acreditar?
Putz, já ia me esquecendo de falar do autor principal, o Fernando
Caruso, que é um gênio do humor e das letras e que um dia
será justiçado, possivelmente em praça pública.
E que mais? Ah, sim, informação relativamente importante:
os textos são muito engraçados!
E vou terminar citando Dostoiévski, pra dar um mínimo
de seriedade preste troço:
E eis aqui todo o prefácio. Estou completamente de acordo
convosco que é supérfluo, mas, já que está
escrito, deixemo-lo ficar.
Bernardo
Jablonski
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